Chianti (DOCG): Villa Campobello, 2015 - Italia
22-06-2019
Depois de experimentar inúmeros vinhos de uvas francesas (Cabernet Sauvignon, Tannat, Merlot, Malbec, Carmenère, Syrah e Pinot Noir) acredito que chegou um momento de conhecer um pouco mais sobre a complexa adega italiana.
Vim de um lugar e hoje moro em outro cuja imigração italiana é extremamente pulsante. Entretanto, a única experiência que tive com os vinhos dessa região foi com o lambrusco, um tinto frisante que é sensação entre os brasileiros.
Para começar a excursão na enologia oriunda do país que possui o vinho como bebida nacional e hoje disputa a produção mundial junto com a França escolhemos a qualidade chianti como ponto de partida. Chianti não é nome de uma uva, mas sim de uma região da Itália, localizada entre as cidades de Florença e Siena. O vinho é conhecido pelo nome da região, pois, assim como ocorre com os vinhos da região de Bordeaux, na França, os vinhos de Chianti tem um corte (mistura de uvas) tradicional – maior parte de sangiovese, alma desse vinho – e um pouco de outras uvas locais ou internacionais, dependendo das regras de cada sub-região.
Recentemente os produtores se uniram para criar uma padronização do corte. Entretanto, apesar das novas regras, a diversidade de vinho Chianti ainda é enorme. Existem muitos tipos, desde os mais jovens e leves até os mais velhos, encorpados e complexos. No passado, a sua grande produção afetou um pouco sua qualidade, mas grandes produtores conseguiram resgatar a qualidade desse vinho e implementaram regras para a sua produção.
A melhora começou em 1984, quando foi criada a DOCG Chianti e a DOCG Chianti Clássico, fazendo com que os produtores de vinhos dessa região passassem a seguir as regras pré-estabelecidas acerca do plantio, da colheita, da produção, do tempo de envelhecimento e muito mais, o que diminuiu, significativamente, a discrepância entre a qualidade dos vinhos. De lá para cá os vinhos passaram a ter um bom padrão de qualidade e voltaram a ser apreciados e adorados mundo afora!
O vinho rotulado somente como Chianti DOCG deve obedecer ao seguinte regulamento, segundo decreto de 19 de junho de 2009:
Utilizar na sua produção uvas Sangiovese de 70 a 100%, respeitadas as seguintes restrições: a junção de uvas brancas não pode superar a 10% e as uvas Cabernet Franc e Cabernet Sauvignon não podem, sozinhas ou em conjunto, passar de 15%;
A graduação alcoólica mínima deve ser 11,5%. Se for a versão “Riserva”, este mínimo sobe para 12,0%;
A comercialização de uma safra só pode ocorrer após o dia 1º. de março do ano seguinte. Para a versão “Superiore”, a data passa para 1º. de setembro;
As características gerais são: coloração vermelho rubi brilhante, tendendo ao granada com o envelhecimento; sabor harmonioso, frutado, seco, levemente tânico e aroma vinoso, com notas de violeta.
Dependendo a tipologia, ele pode ser consumido como um vinho jovem, fresco e palatável, mas os das versões “Riserva” e os de algumas áreas específicas são adequados para o envelhecimento e melhoram se consumidos após alguns anos da safra. Para todos eles, é aconselhável usar o decanter antes de servir.
Existem três tipologias de vinho Chianti Classico: Annata (Safra), Riserva e Gran Selezione.
No topo da pirâmide do Chianti Classico encontramos o Gran Selezione.
Principais características: É produzido com uvas de um único vinhedo ou como diz o nome, com a seleção das melhores uvas; Envelhecimento mínimo de trinta meses, do qual três meses é feito em garrafas; Características químicas e organoléticas mais restritivas.
No meio da pirâmide encontramos o Chianti Classico Riserva. A tipologia Riserva deve ser envelhecida pelos menos 24 meses, do qual três meses em garrafa.
Na parte mais baixa da pirâmide, encontramos o Chianti Classico Annata. Principais características: o vinho só poderá ser comercializado a partir do mês de outubro do ano seguinte da vindima.
Bem, acho que essas informações iniciais já são suficientes para entender e começar a degustação de chiantis. Começamos pelos comercializado pela Villa Campobello e importado pelo Evino (hummm... por nossa experiência com essa importadora isso é sinal de mal prognóstico). Na internet não encontrei o site da empresa (ponto negativo) e a única informação que encontrei a respeito desse produto foi na site da Vinumday, um e-commerce de vinhos. Lá encontrei a seguinte descrição:
“A linha Campobello foi criada pela família Opici em conjunto com um distinto grupo de vitivinicultores toscanos. A cada ano eles selecionam os melhores lotes de uvas de cada produtor para dar origem aos vinhos da marca, da qual este Chianti é o carro-chefe. Elaborado através de uma mescla entre 85% Sangiovese, 10% Canaiolo, 5% Ciliegiolo, é um vinho que captura a essência dos melhores exemplares da DOCG, mas em um estilo mais fácil e amigável. O aroma revela cerejas negras e ameixas, com uma distinta nota que lembra tomates assados, completado por toques de flores secas e um leve mineral. Na boca exibe boa estrutura e um conjunto equilibrado; mostra taninos vivos e de ótima qualidade, aquela acidez deliciosa (característica dos bons Chiantis) e um final de média intensidade, com notas de tabaco e canela. Um Chianti muito bem feito, por um preço super justo!”
Bem, vamos à degustação:
A embalagem do produto é bonita, a rolha de boa qualidade e além de bonita vem com um perfume intenso (para não dizer maravilhoso) de uva. Nunca senti um perfume igual em outro vinho.
No exame físico a contra-luz demonstra uma cor muito clara e grande transparência. O aroma se resume a um fraco cheiro de uva, nada que empolgue muito (ao contrário da rolha, que possuía um perfume intenso). Ao paladar os taninos se apresentaram foram extremamente discretos, assim como o sabor, sobressaindo-se apenas a acidez. Tão pouco se mostrou intenso e o sabor da uva (algo doce... suave) rapidamente desaparece da boca.
Entretanto, a harmonização com a sopa de capelleti foi algo extraordinário (a cozinheira acertou muito a mão na versão gaúcha desse clássico da cozinha italiana ;) ) e talvez aí que resida o segredo desse vinho. Acredito que ele, diferente de muitos outros, não seja uma bebida para ser protagonista e sim algo que ajude a ressaltar as qualidades do alimento (já ouviu aquele ditado que existe vinho para “mangiare” e outros para “pensare”?). Nada de surpreendente uma vez que, atualmente, a culinária daquele país se destaca tanto ou mais do que a sua produção de vinhos.
Harmonização com capelleti foi perfeita e somente então o vinho mostrou a que veio.
Finalizando, é um bom vinho, mas longe de valer os mais de R$70,00! Na faixa entre R$40-80 você encontra muitos outros vinhos que de longe são mais marcantes (inclusive excelentes nacionais, envelhecidos em barris de carvalho por 12 meses). Talvez agrade a outros paladares mais do que o meu, pois é um vinho suave e discreto (na minha opinião até demais pelo valor) e certamente há público para essas qualidades.
Abraço e até a próxima degustação!!!
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Avaliação:
Minha avaliação (0-7): 2,83
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GERAL: 🍷🍷
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Cor: 🍷🍷🍷
Aroma: 🍷🍷
Intensidade: 🍷🍷
Sabor: 🍷🍷🍷
Sabor: 🍷🍷🍷
Embalagem:🍷🍷🍷🍷
Custo: 🍷🍷🍷
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